Dadas como extintas, antas são flagradas no estado do Rio após 100 anos

Registro inédito, feito por câmeras em unidade de conservação da Costa Verde, comprova o retorno do maior mamífero terrestre da América do Sul à natureza fluminense, após um século de extinção local

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Registro aconteceu no Parque Estadual do Cunhambebe, istrado pelo Inea - Foto: Divulgação

Pela primeira vez em um século, antas (Tapirus terrestris) foram avistadas em vida livre no estado do Rio de Janeiro. O flagrante inédito, realizado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), marca o retorno do maior mamífero terrestre da América do Sul ao seu habitat natural no território fluminense, de onde era considerado extinto desde 1914.

Os registros foram feitos entre 2023 e 2024 por meio de armadilhas fotográficas instaladas em uma unidade de conservação istrada pelo Inea na região da Costa Verde, com apoio técnico e logístico da Vale. As câmeras captaram 108 imagens e vídeos de antas em diferentes momentos, incluindo grupos com até três indivíduos e uma fêmea acompanhada de filhote.

O registro sugere uma população bem estabelecida da espécie na região. É a primeira vez em 100 anos que indivíduos da espécie são documentados no estado sem qualquer dependência de projetos de reintrodução ou ações humanas diretas. Segundo o Inea, a descoberta foi possível graças ao monitoramento sistemático da fauna iniciado em 2020.

O trabalho integra uma parceria entre o órgão ambiental e a mineradora, aliada à conservação da biodiversidade nas áreas de abrangência do parque. “As unidades de conservação estaduais são responsáveis por proteger diretamente quase meio milhão de hectares de Mata Atlântica no território fluminense e, em episódios como esse, nos certificamos que estamos no caminho certo. Essa redescoberta é um marco não só para o Rio de Janeiro, mas para a ciência”, pontuou o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.

As armadilhas fotográficas foram posicionadas em pontos estratégicos da mata para minimizar interferências humanas e maximizar a captação de imagens. As campanhas de monitoramento duram cerca de 20 dias por mês, com as câmeras sendo instaladas no início e recolhidas ao final do período.

Além da importância simbólica, o retorno das antas é ecologicamente relevante. O animal, um mamífero terrestre que pode chegar a um peso de 250 kg, se destaca por sua adaptabilidade e importância ecológica, pois potencialmente age como dispersora e predadora de sementes, o que contribui com a manutenção de seu habitat natural e, consequentemente, desempenha um papel vital no ecossistema. A espécie está atualmente classificada como vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

A presença das antas ajuda a manter o equilíbrio do ecossistema, já que o animal atua na dispersão e predação de sementes, favorecendo a regeneração da floresta. Atualmente, a espécie é classificada como vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), sendo só é encontrada no estado em zoológicos ou áreas onde foi reintroduzida.

A última vez que uma anta havia sido vista em liberdade no Rio de Janeiro foi em 1914, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Desde então, a destruição do habitat, a caça e a expansão urbana empurraram a espécie à extinção local.

O avanço na proteção da biodiversidade no estado tem rendido resultados positivos. De acordo com o Inea, o Rio de Janeiro registrou uma queda de 68% no desmatamento da Mata Atlântica em 2023, reflexo de investimentos em reflorestamento, fortalecimento das unidades de conservação e fiscalização ambiental.



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