Nos últimos dias, a população fluminense foi surpeendida com notícias sobre aparições de tubarões no litoral do Rio de Janeiro. Primeiro, um “cardume” de galhas-pretas foi visto na Baía da Ilha Grande, em Angra dos Reis. Depois, um tubarão-martelo interrompeu uma aula de surfe na Barra da Tijuca. Por último, um mako foi gravado nadando ao lado de uma motoaquática, também na Barra.
O DIÁRIO DO RIO consultou especialistas para entender os motivos dessas aparições e se é perigoso para pessoas.
“A presença de tubarões na costa do Rio de Janeiro pode gerar preocupações, mas é importante entender que, na maioria das vezes, esses encontros não representam um perigo real para banhistas e praticantes de esportes aquáticos. Os tubarões geralmente evitam contato com humanos e, embora incidentes sejam raros, eles podem acontecer, por isso, é sempre bom seguir as orientações das autoridades locais e ficar atento às sinalizações. É importante ressaltar que os tubarões fazem parte do ecossistema marinho e sua presença indica um ambiente natural e saudável, mas a convivência segura depende de cuidados e respeito às regras de segurança”, afirmou a professora Cristiane Fiori, coordenadora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Veiga de Almeida.
Seguindo a mesma linha, Larissa Gouvêa Paiva, doutoranda no MAQUA/UERJ, disse: “A presença de tubarões no litoral não é, por si só, sinônimo de perigo. Esses animais fazem parte do ecossistema marinho e, na maioria das vezes, não representam ameaça direta às pessoas. A chance de um ataque é extremamente baixa. Muitas espécies, como o galha-preta ou o tubarão-martelo, não costumam ter comportamento agressivo com humanos. O mais importante é respeitar o ambiente, evitar atitudes que atraiam os animais e seguir as orientações de segurança“.
Larissa Gouvêa Paiva também comentou sobre o que está motivando essas aparições. Segundo ela, a costa do Rio de Janeiro abriga uma rica diversidade de fauna marinha e, entre os seus representantes, estão os tubarões – que sempre habitaram essas águas. “É um indicativo importante de um ecossistema marinho mais saudável e equilibrado. Atualmente, contamos com tecnologias que permitem registrar com mais precisão a ocorrência de tubarões na região. Com o alcance das redes sociais, esses registros acabam se espalhando rapidamente, e mais pessoas ficam sabendo da presença desses animais por aqui“, detalhou a doutoranda.
Diante dos recentes casos, o Governo do Estado do Rio de Janeiro publicou, nas redes sociais, uma cartilha para as pessoas seguirem caso avistem um tubarão. Entre as recomendações estão:
*Evite nadar ao amanhecer ou entardecer;
*Evite nadar perto de cardumes ou áreas de pesca;
*Se estiver no mar quando aparecer um tubarão, saia da água com calma;
*Fique atento às bandeiras roxas.
Cristiane Fiori e Larissa Gouvêa Paiva avaliaram a cartilha positivamente e afirmaram, ainda, que muito provavelmente saberemos de mais aparições de tubarões no litoral do Rio de Janeiro.
“É natural que esses registros continuem acontecendo. São animais que sempre estiveram por aqui, o que mudou foi a nossa capacidade de registrar. Hoje tem drone, celular, câmera pra todo lado, e qualquer avistagem logo vira vídeo e viraliza. Fatores ambientais como temperatura da água, presença de alimento, correntes e até a melhora ambiental em certas áreas podem atrair tubarões pra mais perto da costa. O Oceano está vivo e agora a gente está prestando mais atenção“, finalizou Larissa.